
QUEM É O POVO JUDEU?
O povo judeu é uma das civilizações mais antigas do mundo, com raízes que remontam pelo menos mais de 3 mil anos.
Os judeus desenvolveram uma identidade única, preservada ao longo do tempo por meio da língua hebraica, de tradições comunitárias e de uma profunda conexão com sua ancestralidade e a terra de Israel.
Muita gente pensa que 'judeu' significa apenas alguém que segue o judaísmo, como se fosse só uma religião. Mas, na verdade, é o contrário: o povo judeu já existia antes da formação do judaísmo como religião. O termo 'judeu' vem de Judá — um dos filhos de Jacob (que ganha o nome adicional Israel) — cuja descendência formou a tribo de Judá. Essa tribo habitou o sul da terra de Israel, onde mais tarde surgiu o Reino de Judá, e a região ficou conhecida como Judeia. Foi desse povo, originário dessa terra, que se desenvolveu o judaísmo. Ou seja, o judaísmo é a religião dos judeus, mas os judeus não 'são judeus' apenas por seguirem o judaísmo.
📷 Ilustração da Menorá (candelabro sagrado) do Templo de Jerusalém.

A Diáspora Judaica: Exílio e Memória
Após a destruição do Segundo Templo em Jerusalém, no ano 70 da Era Comum, os judeus foram majoritariamente forçados a viver fora de sua terra natal, apesar de uma pequena presença judaica ter se mantido na região. Esse exílio é conhecido como Diáspora, e marca o momento em que o povo judeu se espalhou por várias partes do mundo, mas sempre manteve sua identidade e tradições, independentemente de onde estivesse. A partir da diáspora se formaram comunidades históricas, como os Ashkenazim (Europa), Sefaradim (Espanha, Península Ibérica e Norte da África), Mizrahim (Oriente Médio), Beta Israel (Etiópia), dentre outras.
📷 Arco de Tito – o saque da menorá e o início da Diáspora judaica.

Judaísmo: a religião do povo judeu
O judaísmo é a religião, herança cultural e tradição espiritual do povo judeu — um povo que, desde a Antiguidade, carrega consigo uma narrativa contínua de memória, resistência e transmissão.
Essa tradição começou a se formar há mais de três mil anos, entrelaçada com a história de um povo que saiu da escravidão, atravessou desertos, construiu reinos, enfrentou exílios e se espalhou pelo mundo, sem nunca perder sua ligação com a terra de Israel e com os textos que moldam sua visão de mundo.
A Torá, centro da tradição judaica, não é apenas um livro sagrado, mas também o fio condutor da identidade do povo judeu. Através dela, o judaísmo organiza o tempo, marca a vida e conta — em ciclos — a história do próprio povo.
As festividades judaicas são capítulos vivos dessa memória. Pêssach, por exemplo, lembra a saída do Egito — o momento em que um grupo de escravizados se tornou um povo livre. Essa libertação não é apenas lembrada: é revivida a cada ano, com símbolos, refeições e histórias contadas de pais para filhos. Sucot relembra a travessia pelo deserto, quando o povo habitava tendas frágeis, confiando em algo maior que a segurança material. E em Hanuká, recorda-se a luta contra a imposição cultural e a preservação da identidade judaica diante da dominação e assimilação grega — uma história de resistência que ressoou ao longo dos séculos em outras terras e outros contextos.
Cada um desses momentos é um ponto de encontro entre passado e presente — uma forma de continuar sendo judeu, mesmo longe do Templo, mesmo longe da Terra de Israel, mesmo em meio a tantos exílios.
📷 Menorá esculpida na parede de Bet She'arim (c. 2º século E.C.)

retorno:
o estado
de israel
Após séculos de perseguições e o trauma do Holocausto, em 1948, a criação do Estado de Israel permitiu que judeus de diferentes partes do mundo retornassem à sua terra ancestral. O hebraico foi revivido como língua comum, simbolizando um renascimento do povo judeu.
📷 Menorá do Knesset, criada por Benno Elkan (1956), feita de bronze e com 7 braços. Ela simboliza a continuidade do povo judeu, com cenas históricas na base, representando a luta pela liberdade e o renascimento em Israel.

a identidade judaica hoje
A identidade judaica hoje é marcada por uma constante adaptação às mudanças do mundo moderno. Com o desenvolvimento do judaísmo reformista e liberal, muitas comunidades buscam integrar a tradição com novas perspectivas, permitindo que o judaísmo continue a ser uma parte vital da vida contemporânea. No entanto, os desafios continuam. O antissemitismo ainda é uma realidade, o que traz incertezas sobre o futuro, especialmente em tempos de crescente hostilidade e divisões globais.
Apesar dessas dificuldades, a identidade judaica segue firme, alimentada por uma forte conexão comunitária e um compromisso contínuo com a preservação de suas tradições. O futuro do judaísmo parece ser um equilíbrio entre preservar o passado e se adaptar ao presente, com a esperança de que as futuras gerações continuem expressando o ancestral lema hebraico "Am Israel Chai": o povo de Israel ainda vive!